O amor perfeito de Vasco Luís

A última jornada do Campeonato Placard encerrou em si várias despedidas das pistas, mas certamente nenhuma em que seja tão fácil enumerar os emblemas representados como a de Vasco Luís. Turquel. Uma ligação única, de quase 33 anos.

O amor perfeito de Vasco Luís

Vasco Luís deu, este sábado, como terminada a sua carreira sobre patins, ao fim de 33 anos.

Não terá sido a despedida que certamente imaginara. O Turquel já tinha a descida matematicamente selada, teve um adeus emotivo na Aldeia do Hóquei numa derrota por 3-4 frente ao Valongo, tinha uma última partida nos Carvalhos.

A perder por 2-0, Vasco Luís marcou dois golos para igualar a contenda na casa do lanterna-vermelha. O Carvalhos voltou a adiantar-se e, a menos de meio minuto do fim, quando o Turquel procurava o empate, Vasco Luís reclamou falta. Viu azul e, nos protestos continuados, viu o vermelho das mãos de Pedro Miguel Sousa, precipitando um final de carreira ímpar.

Quase 37 anos de vida, quase 33 anos sobre os patins. 33 anos com as duas flores do Lis do Turquel ao peito.

Num Mundo que é cada vez mais de mudança, Vasco Luís é um raro caso de fidelidade ao seu clube, até porque a qualidade que desde cedo evidenciou lhe regatearam vários convites para seguir a carreira noutros palcos.

Possante, com boa técnica, com uma temível meia distância, Vasco passou - ao contrário do irmão André Luís, campeão da Europa de Juvenis em 1998 - ao lado das chamadas às selecções. Talvez o tivesse conseguido ao serviço de um dos "grandes" de Lisboa, talvez tivesse outra projecção com convites de clubes do Minho anos mais tarde. Talvez.

Quando Vasco nasceu em 1987, o Turquel acabara de subir à I Divisão para sete épocas consecutivas na categoria máxima, até 1994. Desceu. Voltou a estar entre os maiores do Hóquei em Patins nacional em 1995/96 e 2002/03.

Depois dessa última presença em 2003, o Turquel andou nove anos na II Divisão. "Mordeu" várias vezes a subida, encheu inúmeras vezes o seu pavilhão, consolidou o epíteto de Aldeia do Hóquei. Vasco Luís crescia em casa, na equipa principal. Marcou golos. Muitos.

Em 2012, o Turquel estava enfim de volta à I Divisão, depois de apenas uma presença em 16 temporadas. Mas lograria a maior "estadia" no palco maior, com 10 épocas consecutivas. Ao fim da terceira, André Luís anunciava o abandono, passando a braçadeira ao irmão Vasco, cinco anos mais novo.

Vasco Luís capitaneou os "Brutos dos Queixos" durante nove temporadas, até este sábado.

Quando, há um ano, foi carimbado o regresso da equipa à I Divisão, o fim da carreira esteve na mesa. Não havia substituto à altura - alguma vez haverá? - e Vasco acedeu a continuar.

Com um claro espírito de missão, apontou 15 golos. Não foi suficiente para o objectivo de manutenção, mas os números, terminando como melhor marcador da equipa no campeonato, só abrilhantam todo o percurso de Vasco.

E, na próxima subida, como indefectível adepto ou como for, certamente lá estará Vasco para celebrar.

AMGRoller Compozito

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